22 de setembro de 2010

Segunda Noite

(...) Sentimos que, por fim, essa inesgotável fantasia se fatiga, se esgota numa perpétua tensão, porque amadurecemos e superamos nossos ideais antigos, os quais se desfazem em pó e se desmoronam, e, se não existe outra vida, é preciso construí-la mesmo com essas ruínas. E, no entanto, é algo de diferente aquilo que a alma solicita e quer! É, pois, em vão que o sonhador procura entre as cinzas dos seus velhos devaneios pelo menos qualquer cintilação para lhe soprar em cima e aquecer com um fogo novo seu coração arrefecido e nele ressucitar tudo o que outrora era tão agradável, tudo o que lhe sensibilizava a alma, tudo o que fazia palpitar o sangue, tudo o que lhe inundava de lágrimas os olhos e iludia de maneira tão magnífica! (...)

Noites Brancas - F. Dostoiévski

3 comentários:

  1. Ps: Sempre me pergunto se é Dostoievski ou Dostoiévski...

    Se alguém souber responder-me, agradeço.

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  2. Achou a página perdida...(?) =)

    É Dostoiévski, Fiódor Dostoiévski ;D

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  3. Você sabe que essas palavras são carregadas de sentido para mim, né? O mais mportante é que algo novo é feito dessas ruínas do passado.
    Em meu peito fulgura uma infância, e é preciso aceitá-la mesmo que haja o risco dela também tornar-se antiquada e se desfazer em pó...

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